Eles eram mais antigos que o Silêncio A perscrutar-se intimamente os sonhos Tal como duas súbitas estátuas Em que apenas o olhar restasse humano. Qualquer toque, por certo, desfaria Os seus corpos sem tempo em pura cinza. Remontavam ás origens – a realidade Neles se fez, de substância, imagem. Dela a face era fria, a que o desejo Como um hictus, houvesse adormecido Dele apenas restava o eterno grito Da espécie – tudo mais tinha morrido. Caiam lentamente na voragem Como duas estrelas que gravitam Juntas para, depois, de um grande abraço Rolarem pelo espaço e se perderem Transformadas em magma incandescente Que milénios mais tarde explode em Amor E da matéria reproduz o tempo Nas galáxias da vida no infinito.
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Eles eram mais antigos que o Silêncio
A perscrutar-se intimamente os sonhos
Tal como duas súbitas estátuas
Em que apenas o olhar restasse humano.
Qualquer toque, por certo, desfaria
Os seus corpos sem tempo em pura cinza.
Remontavam ás origens – a realidade
Neles se fez, de substância, imagem.
Dela a face era fria, a que o desejo
Como um hictus, houvesse adormecido
Dele apenas restava o eterno grito
Da espécie – tudo mais tinha morrido.
Caiam lentamente na voragem
Como duas estrelas que gravitam
Juntas para, depois, de um grande abraço
Rolarem pelo espaço e se perderem
Transformadas em magma incandescente
Que milénios mais tarde explode em Amor
E da matéria reproduz o tempo
Nas galáxias da vida no infinito.
Eles eram mais antigos que o silêncio...
Vinicius de Moraes
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